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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

 

"Numa noite, zapeando a TV, deparei-me com uma voz. A voz era uma mulher... Que coisa linda aquela voz forte e diferente. A beleza era a voz sem enfeites ou voz, olhei para o seu rosto e seus cabelos (exagerada a maquiagem e cabelos volumosos e escuros). Mas, eu só “via” a voz. Peguei o finalzinho do show. A vontade era ter de imediato um CD, um DVD. “Quem era ela?” Amy Winehouse! Isso foi há dois anos e meio. Fiquei encantado, mas não acompanhei mais.
            Tempo depois, novamente me encontrei com a cantora de nome difícil de pronunciar. A notícia, agora, ligava sua voz à desfiguração de seu corpo, aos escândalos de sua vida pessoal desregrada, à dependência do álcool e do crack, ao seu namoro conturbado e polêmico com algum artista.
            Fiquei muito triste e chocado pelas imagens; não teve como não pensar nos filhos de Bethânia. Pensei no talento daquela moça, na riqueza de sua voz poderosa, em toda fama e dinheiro, pensei na família dela... Ela tinha tudo para dar
            Certo! Não sei...Talvez não... O que aconteceu? Não a vejo diferente dos nossos filhos de Bethânia.
            Talvez fosse uma “pobre jovem” igual a milhares, milhões de filhos e filhas perdidos de suas famílias, meninas e meninos perdidos no vazio de sentido, desorientados por uma sociedade que cria os seus mitos e ídolos, seus derrotados e desacreditados, seus compulsivos consumidores, seus filhos inseguros e medrosos quanto ao futuro, seus jovens alienados pela dependência química...
            A sua música mais reconhecida e premiada (REHAB, Reabilitação), cantada por adolescentes e jovens, gente dependente química, talvez tenha se tornado o grande hino do “NÃO” à esperança e ao sonho, e um SIM ao erro de querer e conseguir sozinho na luta contra as drogas. “Tentaram me mandar pra reabilitação. Eu disse: "não! Não! Não... E mesmo meu pai pensando que eu estou bem, ele tentou me mandar pra reabilitação, mas eu não vou! Não vou! Não vou!"
            Um produtor musical fez uma crítica direta e emblemática: “... Vimos a vergonha e a tristeza de uma tragédia assistida e festejada por milhares de pessoas, especialmente jovens...”. Ele falava de um show dela em Florianópolis, SC, em que a cada intervalo que a cantora se abaixava para tomar uma dose de bebida alcoólica, a platéia delirava e batia palmas.
            Como é triste a celebração da decadência e da fragilização da pessoa humana. O meu sentimento é de tristeza mesmo – era uma Filha de Bethânia. “Não conseguimos! Não deu tempo! Perdemos mais uma filha!”. E, talvez digam que “ela não quis”, ou que “preferiu a vida boa”. Talvez digam que “era uma fracassada, uma coitada”?
            Quantos bateram palmas ante sua loucura performática e irreverente? Quantos agora derramam lágrimas e hipocritamente pegam versos de suas canções para dizer que Amy permanecerá eterna? Mentira. A verdade é nua e crua: não há beleza ou glamour em um corpo comido e corroído pelo álcool e pelo crack ou qualquer outra droga que seja! Testemunhamos naquela moça genial o que todo o dia acontece pelas cracolândias do Brasil e do mundo, no submundo da solidão das drogas e da prostituição.
            Ainda, no trecho da canção: “Eu não quero beber nunca mais. Eu só, só preciso de um amigo...”. Abraço, carinho, palavras bonitas, calor humano, a proteção familiar, é o que tem faltado pra tantos dos nossos filhos e filhas jogados fora todos os dias. O mundo está doente. O mundo precisa de abraço, de palavras fortes e cheias de amor humano. O mundo precisa de Deus e de pessoas que tenham coragem de cantar novos refrãos de esperança de vida verdadeira.
            O mundo precisa de Deus. O mundo precisa de pessoas que lutam todos os dias e não desistem. O mundo precisa de pouca coisa e que custa quase nada, é de graça. O mundo precisa de amor falado, repartido e celebrado. “O mundo precisa de novos refrãos de esperança de vida verdadeira!!!”"

Pe. André Luna, scj


Encontrei essa postagem por caso no site  http://www.mateusmf.com/, e concordo com o Pe. André Luna, aplaudimos o talento disperdiçado, e isso não pode mais acontecer.




 Lorrayne Nascimento.

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