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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

De Volta,



Amor,


Nunca o compreendi. E sinceramente não espero que isso aconteça. Qual é a beleza de esperar algo que já se conhece? Qual é alívio de ver quem se gostaria, se já soubesse quem viria? Surpresa. Inesperado. Calor. Batimentos. Coração. Amor.


Não acredito que seja deste mundo, e que exista com tanta agressividade. Mas as provas me abatem, me cegam, e me dizem que sempre tô errada, e que a culpa é sempre minha. Que seja então. Não me farei em pedaços pra você juntar, porque meus cacos foram levados pelo vento lá fora, e já não sei onde foram parar. Deixe-me. Pode ir. Sua felicidade está onde ele estiver. Ele. Ele. O amor. Que não sou eu. Que não faz parte de mim. Não sou eu quem te cega, quem te deixa tonto com os cílios, que te enfraquece, que te arrasta. Então que seja como for pra ser. Mas que seja longe de mim. Porque é você que me enfraquece, que deixa tonta, que me diz o que não quero ouvir, que me mostra o que não quero ver, que me arrasta. Já não sei mais do que se trata. Amor? Não mais. Incômodo. Esse tipo de coisa que só a distância e o tempo cura. Ah, o tempo! Capaz de fazer as proezas mais improváveis, as mais indecifráveis. Capaz de me juntar, me refazer, como está fazendo agora. Já sinto novamente meus pés. Já sinto novamente a brisa leve no meu rosto, uma brisa com cheiro de esperança, que me sinaliza com sinais vermelhos tudo o que está em minha volta. Que me diz: Volta. E seja você. Onde está você?






L.


sábado, 21 de agosto de 2010

Autonomia



Penso no meu futuro como uma folha em branco, e a tinta para escrevê-la está em minhas mãos, mas elas tremem, e eu morro de medo que borrem o papel, que até agora estava em branco, intacto. Meu futuro, não é como folhas secas no vento, eu posso escolher onde elas poderão ir. E é esse o problema. A autonomia, que me assusta e não me deixa pensar com clareza. O mundo não pára, o tempo não pára pra que eu possa pensar, tudo acontece freneticamente, e eu? Eu também continuo andando, fazendo o que não quero fazer, dizendo o que não quero dizer, e não estando com quem quero estar. Cansei de culpar o destino por escolhas que eu tenho que fazer. Não dá mais pra fingir de Peter Pan, e não querer crescer, porque é inevitável, é necessário. E a tal da autonomia que me assusta, é que também me faz voar, e o medo que sai não sei de onde, ainda persiste. Mas eu continuo, porque o futuro é meu, e eu sou do tamanho dos meus sonhos, e acredite... Eu sou ENORME!! Digam o que quiserem, critiquem como for, agora olho pra frente, e já passei por você. Mais eu estava rápido demais, e só você não viu.


L.N.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Clarice Lispector



Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco q eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!