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sábado, 24 de março de 2012



“Não precisa procurar no meio da multidão, coisas acontecem quando você desiste de procura-lás, posso me aproximar sem invadir seu espaço, mas posso me aproximar tanto que seja impossivel de não o invadir. Não há como garantir que não possa me esforçar em ser interessante sendo que o que eu quero é ser o melhor que você merece. E de tudo que posso ser pra você eu só pediria que nunca fugisse de mim, nem mesmo quando por alguma razão eu deixasse a máscara cair, eu irei segurar sua mão como quem segura a mão de alguém que esteja pendurado sobre um barranco. E seguirei por dias, semanas, meses tentando tocar o seu coração até que um dia eu consiga. E de nenhuma forma te prender, mas sentir medo de te perder, e jamais te limitar mas chorar quando decidir ir embora, e esperar suas mudanças naturalmente sem forçar você, roubar mil beijos seus quando você decidir ter alguma crise de raiva, tentar te acalmar e ser incapaz de causar algum sofrimento a você. E eu não somente diria que canta mal como cantaria com você, provando assim que existem pessoas que cantam horrivelmente, e que você não é a única, mas a que eu estaria disposta a escutar, e quando você decidir falar demais, que eu debrusse sua cabeça no meu ombro e escute tudo que tem a dizer, e quando for desastrado que haja fôlego para não morrermos de tanto rir. E que você sinta vontade de precisar de mim, mas não só quando houver necessidade, que você sinta isso mesmo tendo passado um dia inteiro comigo, que não veja e nem sinta as horas passando quando estiver ao meu lado, e que nunca seja o suficiente o tempo que passarmos juntos, que você sempre sinta vontade de mais, mais e mais. E que você suporte os meus defeitos e se sinta orgulhoso das minhas qualidades, e apesar de não ter uma beleza extrema, poder fazer com que você enxergue que gostar de alguém vai muito além de beleza fisica, e tentar também de algum jeito (infelizmente só tentar) fazer com que você não precise olhar em outras direções, porque seus olhos vão estar dentro dos meus. Eu quero sempre encontrar você, sejá lá aonde você estiver, e que eu consiga ser o seu perfeito, mesmo sendo imperfeito.”
— (Tati Bernardi)



Lorrayne N.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Os olhos de quem vê




Um dia, um pai de família rica, grande empresário, levou seu filho para viajar a um lugarejo com o firme propósito de mostrar o quanto as pessoas podem ser pobres. O objetivo era convencer o filho da necessidade de valorizar os bens materiais que possuía, o status, o prestigio social. O pai queria desde cedo passar esses valores para seu herdeiro. Acomodaram-se um dia e uma noite numa pequena casa de taipa, de um morador da fazenda de seu primo. Quando retornavam da viagem, o pai perguntou ao filho: - E ai, filhão, como foi a viagem para você? - Muito boa papai - respondeu o pequeno. - Você viu a diferença entre viver na riqueza e na pobreza? - Sim, papai! - retrucou o filho, pensativamente. - E o que você aprendeu com tudo o que viu nesses dias, naquele lugar tão paupérrimo? O menino respondeu: - Eu vi que temos só um cachorro em casa, e eles tem quatro. Nos temos uma piscina que vai até o meio do jardim, eles tem um riacho que não tem fim. Nós temos uma varanda coberta e iluminada com lâmpadas fluorescentes e eles tem as estrelas e a lua no céu. Nosso quintal vai ao portão de entrada e eles tem uma floresta inteirinha. Nos temos alguns canários em uma gaiola, eles tem todas as aves que a natureza pode oferecer-lhes, soltas! O filho suspirou e continuou: - E além do mais, papai, vi que eles rezam antes de qualquer refeição, enquanto nós, em casa, sentamos a mesa falando de negócios, de dólar, de festas, daí comemos, empurramos o prato e pronto! No quarto onde fui dormir passei vergonha pois não sabia sequer rezar, enquanto eles se ajoelharam e agradeceram a Deus por tudo, até por nossa visita. Lá em casa, vamos para o quarto, deitamos, assistimos televisão e dormimos. Sabe papai, dormi em uma rede enquanto dormiram no chão, pois não haviam outras redes. Na nossa casa colocamos nossa empregada para dormir naquele quarto, onde guardamos entulhos, sem nenhum conforto apesar de termos camas macias e cheirosas sobrando... Conforme o pequeno garoto falava, seu pai ficava estupefato, sem graça e envergonhado. O filho, na sua sabia ingenuidade e no seu brilhante desabafo, levantou-se, abraçou o pai e concluiu: - Obrigado papai, por me haver mostrado o quanto nós somos pobres!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Oi, moças..


Fiquei pensando em coisas que poderia dizer a vocês nesse dia da mulher, mas eu como uma, só consegui lembrar de todos os sofrimentos que passamos que os homens nem fazem idéia do que são, e num é isso que nos diferencia?
 Bem, mas é claro, que deixei meu pessimismo de TPM de lado (bem tipico, rs), e passei a pensar nas vantagens, nas delicias que só sendo mulher pra se saber, e assim cheguei nas melhores lembranças da minha vida. Porque ser mulher, é ver o mundo com uma sensibilidade única, e conseguir conciliar várias etapas da vida, com uma maestria impar. 
Então, meninas.. Parabéns, não só por hoje, mas por todos os perrengues que a gente passa, mas que sempre valem a pena no final, já perceberam?
E vocês homenzinhos, flores e carinho nunca é demais viu? A gente precisa ser cultivada que nem plantinha, juro. (rsrs)
Feliz dia da Mulher, 
Felicidade, é só isso que a gente quer.


Lorrayne Nascimento.


segunda-feira, 5 de março de 2012

O Melhor da Terapia - Luis Fernando Veríssimo



O melhor da Terapia é ficar observando os meus colegas loucos. Existem dois tipos de loucos. O louco propriamente dito e o que cuida do louco: o analista, o terapeuta, o psicólogo e o psiquiatra. Sim, somente um louco pode se dispor a ouvir a loucura de seis ou sete outros loucos todos os dias, meses, anos. Se não era louco, ficou.
Durante quarenta anos, passei longe deles. Pronto, acabei diante de um louco, contando as minhas loucuras acumuladas. Confesso, como louco confesso, que estou adorando estar louco semanal. O melhor da terapia é chegar antes, alguns minutos e ficar observando os meus colegas loucos na sala de espera. Onde faço a minha terapia é uma casa grande com oito loucos analistas. Portanto, a sala de espera sempre tem três ou quatro ali, ansiosos, pensando na loucura que vão dizer dali a pouco. Ninguém olha para ninguém. O silêncio é uma loucura. E eu, como escritor, adoro observar pessoas, imaginar os nomes, a profissão, quantos filhos têm, se são rotarianos ou leoninos, corintianos ou palmeirenses. Acho que todo escritor gosta desse brinquedo, no mínimo, criativo. E a sala de espera de um "consultório médico", como diz a atendente absolutamente normal (apenas uma pessoa normal lê tanto Paulo Coelho como ela), é um prato cheio para um louco escritor como eu. Senão, vejamos: Na última quarta-feira, estávamos:
1. Eu
2. Um crioulinho muito bem vestido,
3. Um senhor de uns cinqüenta anos e
4. Uma velha gorda.
Comecei, é claro, imediatamente a imaginar qual seria o problema de cada um deles. Não foi difícil, porque eu já partia do principio que todos eram loucos, como eu. Senão, não estariam ali, tão cabisbaixos e ensimesmados.
2. O pretinho, por exemplo. Claro que a cor, num país racista como o nosso, deve ter contribuído muito para levá-lo até aquela poltrona de vime. Deve gostar de uma branca, e os pais dela não aprovam o namoro e não conseguiu entrar como sócio do "Harmonia do Samba". Notei que o tênis estava um pouco velho. Problema de ascensão social, com certeza. O olhar dele era triste, cansado.Comecei a ficar com pena dele. Depois notei que ele trazia uma mala. Podia ser o corpo da namorada esquartejada lá dentro. Talvez apenas a cabeça. Devia ser um assassino, ou suicida, no mínimo. Podia ter também uma arma dentro. Podia ser perigoso. Afastei-me um pouco dele no sofá. Ele dava olhadas furtivas para dentro da mala assassina.
3. E o senhor de terno preto, gravata, meias e sapatos também pretos? Como ele estava sofrendo, coitado. Ele disfarçava, mas notei que tinha um pequeno tique no olho esquerdo. Corno, na certa. E manso. Corno manso sempre tem tiques. Já notaram? Observo as mãos. Roía as unhas.Insegurança total, medo de viver. Filho drogado? Bem provável. Como era infeliz esse meu personagem. Uma hora tirou o lenço e eu já estava esperando as lágrimas quando ele assoou o nariz violentamente, interrompendo o Paulo Coelho da outra. Faltava um botão na camisa. Claro, abandonado pela esposa. Devia morar num flat, pagar caro, devia ter dívidas astronômicas. Homossexual? Acho que não. Ninguém beijaria um homem com um bigode daqueles. Tingido.
4) Mas a melhor, a mais doida, era a louca gorda e baixinha. Que bunda imensa. Como sofria, meu Deus. Bastava olhar no rosto dela. Não devia fazer amor há mais de trinta anos. Será que se masturbaria? Será que era esse o problema dela? Uma velha masturbadora? Não! Tirou um terço da bolsa e começou a rezar. Meu Deus, o caso é mais grave do que eu pensava.Estava no quinto cigarro em dez minutos. Tensa. Coitada. O que deve ser dos filhos dela? Acho que os filhos não comem a macarronada dela há dezenas e dezenas de domingos. Tinha cara também de quem mentia para o analista. Minha mãe rezaria uma Salve-Rainha por ela, se a conhecesse.

Acabou o meu tempo. Tenho que ir conversar com o meu psicanalista. Conto para ele a minha "viagem" na sala de espera. Ele ri, ..... ri muito, o meu psicanalista, e diz:
- O Ditinho é o nosso office-boy.

- O de terno preto é representante de um laboratório multinacional de remédios lá no Ipiranga e passa aqui uma vez por mês com as novidades.

- A gordinha é a Dona Dirce, minha mãe.

- E você, não vai ter alta tão cedo...

Luis Fernando Veríssimo

Samuel S.